25 janeiro 2020

A Bodega



      Foto: Nicéia Gimenes (arquivo de família)

Eu me lembro do armazém
De quando criança eu ia
Guloseimas lá comia
Só por dois ou um vintém
Gente grande ia também
Ninguém conta, ninguém nega
Se esbanjavam com a adega
Pra fiado havia um trato
Eu queria ser um rato
Pra morar nessa bodega.


Tinha queijo, banha e grãos
Sal, açúcar, mortadela
Frigideira mais panela
Pimenta, arroz e feijão
Rodo, vassoura, esfregão
Bacalhau da Noruega
Quem quisesse, havia entrega
Podia não ser barato
Eu queria ser um rato
Pra morar nessa bodega.


Um balcão como convinha
Com o João, Nelo e o Osório
Fomentou até casório
Varal de linguiça tinha
Fumo de corda, sardinha
Cheiros que a mente carrega
Lembrança à alma se apega
Da cidade um aparato
Mesmo eu não sendo um rato
Me esbaldei nessa bodega.



Mote:  Eduardo Viana
Glosas e mote final:  George Gimenes